Cidade Tiradentes, distrito na zona leste, registra proporcionalmente as maiores taxas de gravidez na adolescência de São Paulo, segundo levantamento divulgado em 2015 pela Coordenação de Epidemiologia e Informação (CEInfo), da Secretaria Municipal da Saúde.
A pesquisa, com números referentes a 2013, indica uma média de 36,4 gestantes a cada grupo de mil garotas com idade inferior a 20 anos (estudo disponível ao lado, na opção Saiba Mais). Para fins comparativos, Pinheiros, subprefeitura com menor taxa do município, soma 4,7 adolescentes grávidas a cada mil, de acordo com o estudo.
Os fatores que incidem na ocorrência da gestação precoce são variados e complexos. Embora os serviços de saúde sejam ofertados por uma rede única, especificidades e características de cada território são determinantes dentro do processo de regionalização dos atendimentos prestados à população. Por meio de indicadores, o poder público identifica quais necessidades devem ser priorizadas em cada localidade e, a partir dessas informações, articula estratégias específicas para cada demanda.
Nesse cenário, o fato de registrar a maior incidência de fecundidade entre adolescentes no município tem exigido da Coordenadoria Regional de Saúde Leste (CRS Leste), por meio da Supervisão Técnica de Saúde (STS) Cidade Tiradentes, tratamento diferenciado a esse fenômenoem relação ao que ocorre em outras localidades de São Paulo.
Diariamente, os profissionais da STS Cidade Tiradentes lidam com o desafio paralelo de desenvolver ações que resultem na redução da gravidez não planejada (envolvendo desde a oferta de métodos contraceptivos à promoção de educação sexual) e, ao mesmo tempo, garantir integralidade no atendimento às adolescentes grávidas (antes, durante e depois do parto), além de estender esses cuidados aos bebês.
Para tanto, a STS conta com mecanismos multissetoriais inseridos na comunidade que direcionam suas atenções a crianças e adolescentes e os reconhecem como cidadãos de direitos (entre eles o sexual e reprodutivo). Ao compreender a gravidez na adolescência como um fenômeno multifatorial, a STS condiciona o enfrentamento desse quadro a uma atuação integrada.
Sobretudo no que se refere à educação sexual, a CRS Leste encontrou na Plataforma dos Centros Urbanos (PCU) uma força aliada no combate a um dos principais fatores relacionados à gravidez na adolescência: a vulnerabilidade social.
Iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a Prefeitura de São Paulo e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, a PCU tem atuado em territórios com altos índices de vulnerabilidade buscando reduzir desigualdades que atingem a vida de crianças e adolescentes. O objetivo é garantir maior e melhor acesso à saúde, educação, proteção e oportunidades de inclusão social.
A parceria resultou, por exemplo, na 1ª Semana do Bebê de São Paulo, realizada em Cidade Tiradentes, em 2015, e que deixou importantes contribuições para o território. Uma das metas propostas pela PCU envolve especificamente a diminuição do percentual de gravidez entre mulheres de 10 a 19 anos. Desde a chegada da PCU ao território, a participação cidadã dos adolescentes éuma das estratégias essenciais que se tenta estimular.
A Plataforma dos Centros Urbanos completa sua atuação em Cidade Tiradentes após um ciclo de quatro anos (2013 a 2016) e deixa um relevante legado social que se soma aos esforços da STS e seus parceiros (como secretarias municipais, São Paulo Carinhosa, Plano Juventude Viva, Casa Ser Dorinha e Instituto Pombas Urbanas) na tentativa de garantir aos jovens todas as ferramentas necessárias para que melhorem suas condições e perspectivas de vida e possam, por consequência, encarar a gravidez como uma opção consciente e planejada.